EDITOR : ALEXANDRE FRANÇA
COLABORDORES : ANDRÉ REIS E BETH SHIMARU

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

"Educação Financeira Infantil"

por Aline Cintra


O tema educação financeira tem recebido grande destaque nacional e internacional nos últimos anos, como um dos fatores fundamentais a fim de garantir melhor qualidade de vida hoje, conforto no futuro, e uma vida financeira saudável e equilibrada.

Muitos pais ainda acreditam que dinheiro não é assunto de criança. Que elas devem se preocupar com os estudos, e que estes, as farão adultos bem sucedidos com um bom emprego e isso basta. Educação financeira não significa ensinar seu filho a economizar, mas sim fazer com que ele aprenda a utilizar o dinheiro em busca de uma vida melhor.

“Quando o indivíduo tem as finanças em ordem, ele toma decisões e enfrenta melhor as adversidades”. E isso auxilia não só na vida financeira, mas também nos aspectos familiares. Nesse sentido, ao ensinar uma criança a lidar com dinheiro desde pequena, quando adulta terá maiores chances de aprender a administrar o seu salário e a sua vida. Vai saber guardar, guardar pra comprar, guardar pra poupar mais.

Sabemos que as nossas crianças já sofrem com os apelos do mundo do consumo. Nesse cenário, o conflito entre querer, poder, merecer e precisar se mistura na vida do pequeno e pode explodir em um caos momentâneo. Quem nunca viu uma criança chorando em uma loja, porque queria determinado objeto? Esse tipo de situação é o sinal de alerta que algo não vai bem, um alarme que soa e faz com que os pais despertem para a educação financeira dos filhos.


LIÇÕES FINANCEIRAS COMEÇAM DESDE CEDO

Recebemos as primeiras lições de educação financeira em casa: as recomendações de fechar a torneira ao escovar os dentes, apagar a luz dos ambientes vazios e comer toda a refeição para não desperdiçar os alimentos.

Esses ensinamentos se transformarão na bagagem de conhecimentos facilitadores das decisões financeiras no futuro. A ideia também é perceber se você tem atuado de forma ativa na educação financeira infantil. Comece com as seguintes perguntas: Como é o dia-a-dia da criança? Que tipo de programação faz com ela? Como utiliza as horas de lazer? Como são encaradas as compras em casa? Como falamos sobre dinheiro em família?

Hoje o consumo confunde a cabeça das crianças, que gostam de opinar sobre tudo. Muitas vezes isso acontece porque, nas horas livres, os pais querem a companhia dos pequenos em todos os programas. Cuidado, caso a criança comece a se transformar em uma tirana ou num comportamento "pede-pede".

DIZER "NÃO" É PRECISO

Mas o que fazer quando a criança aponta para algo e pede? Nesta hora, o adulto deve desempenhar o seu papel e determinar a diferença entre querer e precisar. Faça um carinho na criança e saia com ela do ambiente. Logo ela vai distrair e esquecer a situação.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA PRÁTICA

É importante ensinar primeiro o que é dinheiro, de forma real e palpável. Logo o pequeno mudará o formato da pergunta e você ouvirá frases do tipo: "mãe, podemos comprar isso hoje? Como fazer para economizar primeiro e só depois gastar?". Uma sugestão é colocar na sua casa um recipiente, que pode ser apelidado de "pote da alegria". Procure um pote de vidro deixe-o em um local visível. Depois, deposite diariamente as moedas que representam as economias. (As crianças começarão a sentir o dinheiro como algo real, que deve ser economizado e guardado). Ensine ao pequeno que há um tempo de espera para juntar a quantidade certa e depois gastar o dinheiro. Na hora de contar as moedas, eles descobrirão o valor de cada uma.

As crianças com mais de quatro anos podem ganhar uma carteira, na qual as notas serão guardadas. Ensine que elas devem pagar e esperar o troco, a operação deve ser feita com calma e cuidado. Que tal comprar um sorvete ou algo bem simples para começar? O momento de gastar as economias deve ser acompanhado de uma pequena comemoração. Muitas pessoas na fase adulta sofrem por não terem o hábito de celebrar suas conquistas.

Neste treino com as finanças, o ponto importante para o sucesso é combinar com as crianças, com antecedência, tudo que vocês pretendem fazer. No futuro, isso se transformará em planejamento estratégico de vida. Assim, antes de sair de casa combine com as crianças qual será o objetivo da programação. Dia de passear significa que é momento de se divertir. Nada de misturar compras com passeio. As crianças adoram surpresas e encontrar ambientes novos, desde que tenham guias preparados. Pesquise em sua cidade eventos que não envolvam consumo, mas pura diversão, arte e cultura. Está na hora de visitar um museu, um parque de exposições ou qualquer local para ser admirado e que não dê espaço para as compras. Já o dia de comprar deve ser encarado com responsabilidade. Faça um roteiro: primeiro pesquise o produto, mostre à criança duas ou três opções de compra, explique a ela as possibilidades financeiras da família, procure agir com calma e seriedade e, ao manusear o dinheiro, faça com firmeza e não se distraia neste momento. Em pouco tempo as crianças vão trocar a seriedade das compras pela alegria dos passeios.

COMO O DINHEIRO CHEGA A CASA?


As crianças precisam entender como são gerados os recursos financeiros da família. Explique se é fácil ou difícil para cada membro conseguir remuneração por seu trabalho. Ao mostrar que trabalhamos e depois recebemos o salário, ajudamos o pequeno a entender que existe um tempo natural de espera, diminuímos sua ansiedade, desenvolvemos sua autoconfiança e mostramos a dinâmica de geração de recursos.

Uma simples compra em supermercado pode se transformar em uma aula de finanças. Tenha o hábito de sempre carregar uma lista das compras, pois as crianças associam a lista às necessidades de consumo básico. Caso não queira comprar algo que pedem e não tenha utilidade, basta ser claro e dizer que não está na lista.

Você sabia que as crianças bem pequenas não conseguem entender o processo de colocar as coisas em um carrinho e depois pagar no caixa? Por isso, grande parte delas agarra os produtos pela cor, formato da caixa ou simplesmente por ter reconhecido os mesmos. Nesses casos, leve os menores para pequenas compras, em um horário que não estejam cansados ou com fome.

COMPRAS EXIGEM PACIÊNCIA

A sustentabilidade pode ser inserida de forma singela na rotina diária. Basta ensinar as crianças a comprar o que precisam na quantidade necessária, sem prejudicar o hoje e o amanhã. Mas a pressa parece ser o mal do momento.

Normalmente vemos crianças manuseando algumas tecnologias, mas observe como logo ficam impacientes com figuras estáticas de uma revista. A pressa faz com que todos paguem mais caro pelos bens e serviços.

É nessa hora que entra a educação financeira familiar que carregamos no inconsciente. Ela esclarece e direciona o modo de agir em qualquer idade. Determina o que vamos consumir, o preço, as possibilidades e o plano de ação. Todos esses rituais ficam marcados no inconsciente da criança.

Os hábitos, os princípios e a educação recebida em casa serão o ponto forte na formação do pequeno consumidor. Será a bagagem, a fonte criativa de nossos mapas internos. Educar é um processo longo, lento, incansável e de muito amor. Coloque planejamento, acompanhamento, comprometimento e, acima de tudo, objetivos claros e bem definidos quando o assunto for dinheiro. Isso vale para qualquer idade.



Nenhum comentário:

Postar um comentário