EDITOR : ALEXANDRE FRANÇA
COLABORDORES : ANDRÉ REIS E BETH SHIMARU

terça-feira, 6 de novembro de 2012

"Nos encontramos na praça!"

por Alexandre Corrêa

Uberlândia 2012

A praça é um dos espaços públicos que mais sintetiza os direitos fundamentais de uma sociedade. Tais direitos estão diretamente relacionados ao bom uso do bem público, do respeito ao outro e do reconhecimento da igualdade e convivência pacífica. A praça é aquele lugar do bairro onde conhecemos um pouquinho das pessoas que vivem imediatamente ao seu redor. Dependendo do seu uso a encaramos como um ambiente receptivo ou hostil, solidário ou discriminatório, belo ou abandonado.

Esta semana deparei-me com dois exemplos antagônicos que bem ilustram o que afirmo por aqui. Correndo pela cidade observo melhor pessoas, ruas e praças e passando por uma chamou-me a atenção uns “pedregulhos pontiagudos” instalados na mureta que cercava os seus canteiros. A praça Dr. Duarte, no bairro Fundinho, antes um local que servia ao descanso de seus frequentadores agora se mostra um local “arredio” a isso.


Praça Dr. Duarte – Uberlândia / 2012

Praça Dr. Duarte – Uberlândia / 2012

Algo abominável que revela a incapacidade da administração pública em gerir a cidade para todos. Evidente que tal aberração se deu para inibir o aconchego daqueles que representam certa “ameaça” à moral e aos bons costumes ou até mesmo ao patrimônio e à integridade física dos frequentadores da Praça Dr. Duarte.

O fato é que cenas mais apaixonadas dos jovens namorados, a cantoria dos boêmios ou o infortúnio dos mendigos e viciados não são problemas sociais que mereçam soluções simplórias e flagrantemente segregadoras como essa. Isto é burrice, preguiça mesmo de pensar práticas inclusivas que induzam as pessoas a descerem dos prédios e a ocuparem habitualmente a praça.

Enquanto uns se preocupam em afastar as pessoas da praça, outros tomam atitudes surpreendentes, hipnotizantes e quando nos damos conta já estamos lá, parados no meio da praça, ignorando o barulho dos carros ao redor. Foi o que me aconteceu ontem na Praça Sebastião José Naves no bairro Patrimônio. Esculturas que homenageiam os personagens do congado, manifestação cultural tradicional do bairro, instaladas essa semana, interromperam a minha corrida. Simplesmente parei e fiquei um bom tempo apreciando as formas, as cores, a beleza da composição artística em harmonia com a praça e as casas que a cercam.

Praça Sebastião José Naves – Uberlândia / 2012

Ganhamos um presente belíssimo para o bairro e para a cidade. A sensibilidade do artista plástico funcionou como um alerta para que as pessoas ocupem a praça como bem de todos, como espaço inclusivo, tornando compulsória uma rápida parada para apreciá-la e trocar algumas palavras com o amigo ao lado. É muito bom experimentar a sensação de pertencer a uma comunidade, a uma cultura e pouco a pouco assumir atitudes mais solidárias e pacíficas no espaço público. Na praça.

Praça Sebastião José Naves – Uberlândia / 2012



5 comentários:

  1. A praça do bairro Patrimônio ficou linda!!! Parabéns ao artista!!

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  2. Gentileza urbana,esse e o nome.Tantas oportunidades nas maos das pessoas,mas ninguem ou poucos interessam.olhe ao redor,nos empreendimentos comerciais,qual tem escultura,ou outra representacao de arte?lembrou de algum?cx dagua da telhanorte e o totem do carrefour nao valem...

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  3. Amei seu blog e passei a seguir se puder fazer o mesmo eu agradeço.

    Beijos!

    http://kaah-star.blogspot.com.br/

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