COLUNA " O MELHOR DA VIDA!"
Texto de Vânia Beatriz Armada Vilela
Ilustração de Elizabeth Shimaru
Estou aprendendo a rimar saudade com serenidade.
Desenvolvi um método para transformar dor em mais amor.
Escolho uma saudade e fecho os olhos.
Volto a viver aquele momento.
Reconheço a cidade, a casa, a cozinha. Me surpreendo com uma grande mesa de fórmica, para oito lugares, perfeitamente ocupados. Observo cada pessoa, sem pressa. Imagino seus sonhos, seus medos, seus planos.
Ando pelos corredores, vejo todos o móveis, abro gavetas, portas e janelas. Encontro o quintal de roseiras e laranjeiras. Revejo, com a mesma alegria, nossas brincadeiras e nossos amigos.
Consigo sentir, em um suspiro, a paz e a segurança da vida pequena.
Busco outra saudade que me tortura.
Um encontro. A porta se abre e sinto de novo a ternura nos olhos das amigas. Conversamos por horas, como se quarenta anos fossem apenas quarenta dias de separação. Me lembro de cada frase, cada gesto, da harmonia no ar.
Aqui, de olhos fechados, tudo se mistura. Momentos vividos em épocas diferentes, com pessoas que encantam minha vida.
Estaciono neste clima de reviver e de recordar, enquanto abasteço meu coração de esperança.
Sinto que a saudade aumentou, mas de um jeito manso, que me completa.
Entendo que nada perdi pelo caminho.
Vivi, amei e fui amada. Posso voltar a sentir o meu passado quantas vezes quiser.
É minha vida, minha história.
Feche os olhos...
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