EDITOR : ALEXANDRE FRANÇA
COLABORDORES : ANDRÉ REIS E BETH SHIMARU

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

"O JOÃO DE BARRO E SUAS CASAS"

por Alexandre França

(com informações de Yuri Vasconcelos)




Sonho de consumo de muitas pessoas, ter a casa própria é a missão de vida de todo “João de Barro“. Além de bons donos de casa são trabalhadores e casal pra vida toda. Tudo começa com a coleta da matéria-prima. Além de barro úmido, retirado do solo, esses pássaros usam esterco misturado a palha. A casa é construída em conjunto pelo macho e pela fêmea, que chegam a fazer centenas de viagens no transporte do material. Galhos de árvores, postes e beiradas de casas são os locais preferidos pelo joão-de-barro para instalar seu ninho, que, em geral, tem formato esférico e cerca de 30 centímetros de diâmetro. Para construir as paredes (de 5 centímetros de espessura), o casal amassa as bolas de barro com os bicos e os pés. Uma engenhosidade do ninho é a divisão em dois cômodos. O acesso ao primeiro se dá pela porta, feita na medida para que a ave entre sem precisar se abaixar. A câmara mais interna, forrada com penas, pelos e musgo, serve para a postura de ovos e acomodação dos filhotes, que ficam a salvo de predadores. Outra peculiaridade da casa é a localização da porta de entrada, estrategicamente posicionada na direção contrária à chuva e ao vento .Até hoje os ornitólogos (estudiosos das aves) não sabem como o joão-de-barro desenvolveu essa habilidade, que o mantém protegido das intempéries. Após cerca de duas semanas, o ninho fica pronto e a fêmea põe seus ovos. Inexplicavelmente, depois de tanto trabalho, o casal só usa a residência por um ano, período em que tem até quatro ninhadas. Em seguida, a dupla abandona o lar e começa a construção de um novo. Reza uma lenda popular que o joão-de-barro seria extremamente ciumento e vingativo. Se ele desconfia que está sendo traído, toma uma atitude radical: prende a companheira no ninho, tapando a porta, e deixa a coitada morrer lá dentro. Essa história toda, contudo, não tem o menor fundamento científico. O que não impediu, claro, que ela virasse até tema de uma famosa música caipira, "João-de-Barro", interpretada pela dupla Tonico e Tinoco.





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