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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

"TUDO ESTÁ CONECTADO"


por André Reis 


Fui ao cinema esse final de semana, vi um trailer muito bom e queria dividir com vocês do GIRAGIRAFFA, a critica é de Érico Borgo do site www.omelete.com.br.

“Com o sucesso de Matrix, a recepção dividida das continuações Reloaded e Revolutions e o fracasso comercial de Speed Racer, Andy e Lana Wachowski precisavam provar-se capazes de voltar ao topo. A Viagem (título genérico e preguiçoso que ganhou no Brasil o Cloud Atlas) os recoloca com louvor nessa posição.

O filme salta enlouquecidamente através de seis épocas distintas, desde 1849 (em uma história de escravatura) até milhões de anos no futuro (uma fantasia em um mundo distante), 106 anos depois de um evento chamado A Queda, passando por 1946 (no pós-guerra inglês, em uma história sobre um amor homossexual proibido e a criação de uma obra-prima musical), 1973 (com uma investigação jornalística sobre usinas nucleares em São Francisco), 2012 (com uma engraçadíssima comédia britânica sobre um grupo de velhinhos tentando fugir de uma casa de repouso) e, enfim, 2144 (em Neo Seul, em uma ficção científica cyberpunk com uma empregada fabricada de uma cadeia de restaurantes tornando-se a líder de uma revolução).

Todas as histórias surpreendentemente se conectam, mas não há um "mistério-mestre", o que seria usual em séries de televisão ou filmes do gênero. A conexão é muito mais sutil, ainda que poderosa, sugerindo relações cármicas e vidas passadas (toda a ação, boa ou ruim, realizada em uma existência refletirá nas próximas). É curioso também como, além do lado espiritual, encontra-se uma maneira de tornar tudo mais físico, jogando no liquidificador um pouco da teoria do caos também. Até Carlos Castañeda é citado, ressaltando influências de Neoshamanismo e Nova Era no novo trabalho, entre outros.

O trabalho de fotografia, composição, direção de arte e figurino é outro espetáculo à parte, já que o trio de diretores obteve coesão com duas equipes completamente distintas de profissionais. Não fossem os assuntos tão diferentes, não daria sequer para distinguir um trecho do outro. A edição relaciona momentos similares e antecipa ou atrasa o som nos cortes, dando fluidez às ações - e tornando todas relevantes e atraentes. É como zapear furiosamente durante quase três horas entre seis canais de televisão e descobrir que o aparelho está contando-lhe uma única história misturando noticiário, reality show, comercial de fraldas e episódios de Star Trek.

Com tanta riqueza de detalhes, Cloud Atlas é uma experiência que merece ser explorada várias vezes e que deve ser ainda tão comentada quanto foi Matrix. "Tudo está conectado", avisa o cartaz do filme - e procurar elementos de relação entre cada segmento (sejam eles temas, formas ou até mesmo texturas ou notas musicais) é parte da diversão.”


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