por Alexandre Corrêa
Acabo de visitar São José do Rio Preto no noroeste paulista, bonita cidade com uma população de aproximadamente 400 mil habitantes e detentora de um PIB igual a R$ 8 bilhões. Uberlândia, onde atualmente resido é a maior cidade do Triângulo Mineiro com uma população estimada em 620 mil habitantes e PIB de impressionantes R$ 16 bilhões.
Aprecio muito conhecer de perto as soluções urbanísticas das cidades que visito e procuro fazer isso correndo pelas ruas. Em São José do Rio Preto a corrida me levou a conhecer o sistema cicloviário do município. Ao longo do Rio Preto, de vários cursos d`água e especialmente circundando a grande represa que separa o centro das zonas norte e sul da cidade, um sistema cicloviário executado de forma exemplar se apresenta seguro e muito bonito. Ouso compará-lo aos das melhores cidades do planeta.
Ciclovia, calçada e pista do parque linear da represa / São José do Rio Preto (2012)
A prefeitura de São José do Rio Preto foi além da exigência mínima do Código Nacional de Trânsito ao implantar o seu projeto cicloviário. Ofertou ao pedestre um calçamento livre de obstáculos, bem sinalizado e principalmente muito acessível. Implantou também uma ciclovia dotada de mão dupla, igualmente bem sinalizada e pista de ótima mobilidade para as bikes. A via reservada aos veículos motorizados segue paralela ao sistema, mas afastada de pedestres e ciclistas por um canteiro que exerce ao mesmo tempo as funções de segurança e permeabilidade das águas pluviais.
Ciclovia, calçada e pista do parque linear da represa / São José do Rio Preto (2012)
Corri quase 20 Km por essas vias apreciando um modelo urbanístico seguro e agradável para pedestres, ciclistas e motoristas. Para mim restou evidente o bom emprego do erário público a bem da saúde e segurança dos cidadãos riopretenses. Várias pessoas na manhã de sábado seguiam correndo, caminhando e pedalando tranquilamente pelas vias. Por duas vezes fui presenteado com água e frutas oferecidos pelos apoios esportivos e quando precisei de informação contei com a simpatia da guarda municipal no posto instalado para a preservação do complexo.
Sistema cicloviário de São José do Rio Preto (2012)
Volto para casa questionando a razão para Uberlândia, com um PIB duas vezes maior que o de São José do Rio Preto, investir milhões de reais em uma ciclovia infinitamente inferior. É frustrante correr pelos 14 km da ciclovia uberlandense recém construída temendo por minha segurança e cercado por um cenário nada agradável. Correr ao longo da ciclovia de minha cidade só é possível pelo acostamento da avenida, junto ao trânsito intenso dos carros pois não há calçamento uniforme para os pedestres. As calçadas da via estão repletas de obstáculos, buracos e pisos escorregadios em vários trechos. Caminhar ou correr tornou-se algo muito arriscado por lá. O piso escolhido para a ciclovia é um cimento grosso e a sinalização muito precária. A sensação, comparado ao sistema cicloviário de São José do Rio Preto, é de completo descaso com a segurança de pedestres e ciclistas.
Ciclovia da Av. Rondon Pacheco – Uberlândia (2012)
Minha esperança reside na determinação política dos próximos governantes em administrar a cidade pensando nos pedestres. Que o bom exemplo de São José do Rio Preto seja seguido e as pessoas de minha cidade tenham os seus impostos bem empregados em vias urbanas mais bonitas, seguras e confortáveis. Tal vontade política é condicionante para uma cidade mais humanizada e feliz.
Ciclovia da Av. Rondon Pacheco – Uberlândia (2012)
Parque linear de Uberlândia (2012)
Parque linear de São José do Rio Preto (2012)
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