por Danilo Zei
“As Bruxas” baseado na obra “As Bruxas de Salém”, de Arthur
Miller, é uma peça que aborda a perseguição e condenação de pessoas
supostamente embruxadas na comunidade de Salém em Massachusets no ano de 1692.
A luta pelos interesses morais e materiais do poder local, se disfarça pela
exagerada santificação da igreja, capaz de identificar através de “santos julgamentos”
pessoas servas do demônio aplicando-lhes sentenças.
O figurino elaborado pela Figurinista Cátia Vianna foi de
grande importância para a estruturação da peça. Eu como estagiário participei e
acompanhei deste minucioso processo de criação. O figurino foi inspirado no
barroco alemão de forma a transmitir os costumes da época. As cores e texturas
dos tecidos foram pesquisadas individualmente para a bagagem histórica de cada
personagem fosse identificada pela imagem, facilitando o processo de
compreensão e interpretação entre os atores e os receptores (público).
Os detalhes estão presentes da cabeça aos pés. Do torço da
escrava Tituba que pelo tecido e forma de amarrar identifica-se sua origem,
pelas cordas que adornam caem sobre os pescoços dos Juizes Hathorne e Danforth
sugerindo o risco da forca, aos sapatos negros dos nobres com suas fivelas
grandes e prateadas que os diferenciam socialmente dos que usam mocacins e
botas.
O figurino foi um canal de exploração também para os atores
durante a construção das cenas. Em discussão por posse de terras com Sr.
Putnan, o ancião Giles Corey, interpretado pelo ator Ricardo Fiuza enfatiza seu
estado de fúria gesticulando agressivamente com sua bengala, tornando este
ícone de fragilidade em um objeto ameaçador e violento. A personagem Abigail,
interpretada pela atriz Jordana Alves, em cenas de impetuosidade utilizou o avental
enrolado e preso na cintura, desfazendo parcialmente imagem de serva do lar.
Ao todo foram confeccionados figurinos para dezesseis
personagens.
Não posso deixar de falar também do cenário e da trilha
sonora. O cenário elaborado pelo cenógrafo e arquiteto Emiliano Freitas
permitiu que as cenas se passassem em dois planos; além do solo, um plano
suspenso. Ao observarmos o cenário como um todo, notamos que é um cadafalso e
este se transforma, compondo a cena com uma outra utilidade, sem deixar de ser
um cadafalso. Um cenário imponente e versátil.
A trilha sonora criada pelo meu amigo de curso e companheiro
de trabalho Danilo Aguiar foi impactante. Em um relato Danilo Aguiar descreve
seu processo de criação: “A trilha
sonora do espetáculo “As Bruxas” teve como objetivo principal criar atmosferas
musicais aliadas ao um tema principal, prescrevendo algo em que o público
pudesse ter a sensação de estar ouvindo sonoplastia e ao mesmo tempo as músicas
das cenas. Utilizei de elementos da música eletroacústica, utilizando síntese e
processamento sonoro para criar as principais atmosferas. Existe também uma
ligação entre a música eletroacústica com música tradicional. A obra percorre
tanto sons com processamento sonoro quanto temas com linhas melódicas tonais,
como é o tema de Elizabeth e John Proctor, tocado por uma Celesta e inspirado
no Réquiem em ré menor de Mozart."
“As Bruxas” é
um espetáculo rico e surpeendente. Mérito devido ao trabalho árduo dos alunos,
técnicos, Mestres e estagiários do curso de teatro da Universidade Federal de
Uberlândia. “As Bruxas” esta sob a direção da Profª.Yaska Antunes Ilustre
profissional do curso de teatro da UFU.
FICHA TÉCNICA
Peça: As Bruxas
Direção: Yaska Antunes
Autor: A partir do texto “As Bruxas de Salém” de Arthur
Miller
Adaptação dramatúrgica do texto: Luiz Leite
Estudos e análise do texto e contexto histórico: Mário
Piragibe
Preparação vocal: Dirce Helena Bevenides
Coreografia: Nina Tannús, Ricardo Fiuza
Figurinos: Cátia Vianna
Assistente de figurinos: Danilo Zei
Cenário: Emiliano Freitas
Iluminação: Camila Tiago
Criação e passagem de trilha sonora: Danilo Aguiar
Ficou tudo muito legal parabéns............
ResponderExcluirObrigado Anônimo!
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